Sem pátria nem parador
Era assim e era isso
Não há quem hoje o imite
Teu retrato não fala disso
Pobre mestiço e sem terra
Um pala era rancho no mundo
De olhar fundo no rosto
Sem nada valer e viramundo
Mormaços encruados na pele
Encardidos a sofreguidão
Sem nem direito a bandeira
Sem pertencer a nação
Como se pode virar a cara
Pra aquele quem foi o primeiro
Quem deve julgar pela estampa?
Discernir o do campo e campeiro
Hoje imitam a veste
Com cores tão vivas nos panos
Sem contar que nas misérias
Nasceu o gaúcho orelhano
Ninguém sobrou pra dizer
Que negro, índio e o mais branco
Pro desdém do principio
Não se pisou no tempo ao tranco
O que pode haver de beleza…
O que há de ser bonito…
Em quem padece em malezas
De nem ter direito ao grito
De tanto pintar o termo
Pra valiar um gaúcho
Medem o tamanho do lenço
Não te mediram o vazio do bucho
O que ninguém há de replicar
Alpaca e ouro não barganha
Foi teu desaforo de ser livre
E não ter lei a tua façanha!
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