Canela,

15 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – RETRATO PRIMEIRO #004

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Sem pátria nem parador
Era assim e era isso
Não há quem hoje o imite
Teu retrato não fala disso 

Pobre mestiço e sem terra
Um pala era rancho no mundo
De olhar fundo no rosto
Sem nada valer e viramundo 

Mormaços encruados na pele
Encardidos a sofreguidão
Sem nem direito a bandeira
Sem pertencer a nação 

Como se pode virar a cara
Pra aquele quem foi o primeiro
Quem deve julgar pela estampa?
Discernir o do campo e campeiro 

Hoje imitam a veste
Com cores tão vivas nos panos
Sem contar que nas misérias
Nasceu o gaúcho orelhano 

Ninguém sobrou pra dizer 
Que negro, índio e o mais branco
Pro desdém do principio
Não se pisou no tempo ao tranco 

O que pode haver de beleza…
O que há de ser bonito…
Em quem padece em malezas
De nem ter direito ao grito 

De tanto pintar o termo
Pra valiar um gaúcho
Medem o tamanho do lenço 
Não te mediram o vazio do bucho 

O que ninguém há de replicar
Alpaca e ouro não barganha
Foi teu desaforo de ser livre
E não ter lei a tua façanha!

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Foto: Índios Minuanos