Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – #005

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Vire o mate, o nome escolhido minuciosamente para esta coluna. Nome este, tirado de uma composição que já foi um grande sucesso nas rádios do estado após sua aparição e premiação no 2º Musicanto, festival nativista da cidade de Santa Rosa-RS. Uma música feita por Negro Manolo, uma figura emblemática da nossa cultura que já tive o prazer na vida, de repartir uns mates com ele. A história de como este tema surgiu, é um tanto curiosa e penso com a devido relato trazer aqui numa próxima oportunidade, com as palavras do próprio Manolo, afinal ninguém melhor que o próprio poeta pra falar do que construíu. Mas dada a informação de se tratar de um tema feito em 1984, e com versos soltos que contemplam o próprio tempo, é de se observar que como toda boa música, ela é ainda é totalmente atual!

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Vire o Mate
Manolo

Ah! Mate, cigarro e trago
Que triângulo misterioso
Que se consome harmonioso
E se transforma em afago
De idéias todas bagualas
Do guasca que na pobreza
Faz poesias libertárias.
(Vire o mate companheiro
Vamos dar-lhe uma encilhada
Assim começamo o dia
Bem no fim da madrugada)
O farol do sol é chama
Que avisa da campereada
Coisa que vista de longe
Até parece de farra
Mas depois de estar em cima
Se torna muito velhaca
Amigo, segure o boi
Que é diferente da vaca.
(Vire o mate companheiro
Vamos dar-lhe uma encilhada
Assim começamo o dia
Bem no fim da madrugada)
O capim engorda o boi
Que se vai para as Europa
E o guasca só faz na tropa
Um charque pra gurizada
Que cresce sem saber nada
E o homem fica com o grosso
E pra nós não fica nada.
(Vire o mate companheiro
Vamos dar-lhe uma encilhada
Assim começamo o dia
Bem no fim da madrugada)
No churrasco ponho sal
Nos prazeres, mais um pouco
O meu guri anda mal
Minha prenda no sufoco
E eu ando de pago em pago
O mesmo que capão louco
Por pobre ando em bolichos
Sonhando e gastando os trocos.

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Virar o mate é quando aquele chimarrão que a gente já cevou, começa ficar lavado e a gente quer beber com a  erva que a água ainda não chegou, no fundo da cuia, sabe? Muito mais se aproveita depois do mate virado ainda que pareça o fim da coisa! E é… é preciso virar o mate nesses nossos tempos, repensar e se agarrar ao que nos toca!